Sunday 15 June 2008

I’ve got news for you

A caixa de imagens dita as notícias para mim. De repente, após estes quase quatro anos de total reclusão, elas voltam a importar, ficam aprisionadas no meu crânio, ao invés de transpassar de um ouvido ao outro. É um estar estranho dentro de mim. Dou-me conta de que nunca houve este mundo só meu, os fatos lá fora interferem nos meus atos, muda a minha rotina, embora eu as tenha desprezado como se não.

O preço do óleo mais caro, puxa o preço do metrô que não consegue se mover sem a voz eletrônica pedindo desculpa e agradecendo desde já. Quarenta mil pessoas mortas na China me comovem no noticiário, a minha voz interna diz que se deve dar importância. Notícias de guerra. Vejo os acontecimentos e atribuo-me a distância necessária para estar bem. Sim, eu acho tudo muito sujo e vazio. Eu não posso mudar nada.


Encho-me de uma certa arrogância e crueldade, algo que de súbito me assusta, carrega as minhas certezas num baú com a seguite frase rabiscada – não abra. Penso que é preciso centrar-me, vestir-me de uma certa objetividade e seguir. É a primeira vez em muito tempo que seguro o destino pelos cabelos e digo ’é por esta direção que quero ir’.