Monday 28 May 2007

La fora estah chovendo

Lembro do dia em que Stella se foi. Eu tinha recem-comprado o Guardian e uma materia dizia algo sobre o St Patrick’s day. Estava chovendo e frio, o ceu coberto daquele cinza e da fog de Londres. Andava por uma rua clara, repletas de pubs e gente bebada. O telefone tocou. Mensagem.

O meu espanhol tava uma merda, mais de dois meses sem ve-la. O aeroporto interditado por dois dias, havia explodido umas bombas na cidade. Stella nunca mais ligou.

Refletindo no porque da minha distancia, conclui que eu tive medo de nunca ser para ela aquilo que um dia ela pensou possivel. Havia pedido demissao, o Landlord me deu uma semana para arranjar outra casa, e o meu amor foi embora. Comprei uma garrafa de Vodka, bebi sem nada, uma dor no estomago e uma tonteira danada. Na beira do rio, dois policiais me pararam, checaram documentos.

Take your hands off me. I don’t owe you a penny!

Subi as escadas da ponte do Jubileu da Rainha, as instalacoes metalicas pareciam mover-se, o rio balancava, as minhas vistas nao diferenciavam o que era estatua de ser vivo, tudo de repente parecia se mover, caih.

O ceu se irritou. E quando tudo parecia perdido, imensamente dolorido e soh; e quando tudo era este estar soh comigo e nao gostar de quem eu tava sendo naquele momento para os outros, me isolando, me sabotando; e quando aquilo se tornou um rompante de angustia e falta tao insuportaveis como o instante de uma batida de carro a 190 por hora, entao, comecou a chover.

Rain

I clearly remember the day Stella left. I had just bought The Guardian, and a piece of news on the cover said something about St Patrick’s Day. It was raining and cold, the sky covered with that grey so typical of London. I was walking down a very lighted street, pubs everywhere and drunken people. My mobile rang. A message.

My Spanish was crap for I had not seen her for two entire months. The airport was closed for two days; some bombs had just exploded in the city, many people had died. She never called me again.

Thinking about why I was so selfish and kept a distance from her, I could just conclude that I was too afraid of not being what she thought would have been possible. I had quit my job, the Landlord had given me a few days to find another house, and my big love had disappeared. I bought a bottle of Vodka, drank it plain, and my stomach made a complaint, I felt utterly dizzy. By the river, two policemen asked me for documents.

Take your hands off me. I don’t owe you a penny!

I climbed the stairs of the Jubilee Bridge, the metal installations seemed to shake, the Thames danced, my eyes could not make any difference from a statue to a human being, everything just seemed to move, I fell down.

The sky got really angry, and when all I could care about was lost, deeply sore and lonely; when everything was this being on my own and totally disliking this person I had become to me and to the others, isolated, a self-saboteur; and when everything turned out as a feeling of emptiness and lacking as unbearable as the moment that a car crashes at 190 km/hour, then, it started raining.

pergunta?

nada nao.

Sunday 27 May 2007

furto

vi no blog da Cecilia Giannetti e fui OBRIGADO a furtar.

"Beijar o gato entre as orelhas é uma forma de solidão. Lavar a louça às três da manhã, apreciar muito a própria letra, ouvir a brasa comer o papel do fumo no silêncio. Acreditar nas estrelas que passam com mais pressa. Deitar sozinho. Às vezes deitar acompanhado também. Ter um casaco de lã cinza-escuro que não lava há dois invernos. Acompanhar um seriado (americano). Achar-se inadequado e esquecido ou achar-se bom demais pros outros. Possuir nesse vasto mundo apenas um cabideiro. Beber destilado em copo plástico, esquecer o aniversário da amiga. Ver televisão com fantasma, ouvir rádio desligado da tomada. Conversar em fila, falar alemão, detestar turista, abrir mão de. Viciar em remédio pro nariz, ganhar na loto, guardar papel de presente, saber cerzir, não ser fascinado pela tecnologia, amar gadgets que não sabe usar. Não amar ninguém. Telefonar a cobrar de um orelhão na chuva pra outra cidade, chamar o garçom pelo nome e ser chamado pelo nome por ele. Concordar que o rock morreu. Escrever sem expectativa. Confiar no conselho da manicure. Escrever cartas, não enviar cartas. Às vezes mesmo enviá-las é uma forma de solidão. Sentar na segunda fila no cinema, botar bebedouro pra passarinho na janela. Dormir com a caneta na mão."

o desktop da casa branca ;D


fotos da casa branca


Friday 25 May 2007

Quando tudo eh ausencia

Ao fundo, toca um som escoces, algo que o meu flatmate chama de Bad Pipe. Eu fico cah, o meu estado suspenso, um leve balancar do vento que entra pela janela. E essa eterna consciencia de que voce nao vem. Estou tristonho, nao triste, roendo as bordas de uma tristeza que nem machuca nem passa. Acostumando-me a nao te ter, a viver esta vida solitaria, onde os dias se seguem no compasso de um som lah de cima, um CD que voce esqueceu por aqui soh para eu te relembrar. Estou assim, meio sem querer, sem nem saber o porque.

Friday 18 May 2007

4c, Agate Rd

La fora, todas as ruas me conduzem a um mesmo lugar. Uma rua da qual o nome se empregnou em mim, nas minhas cartas, contas, correspondencias.

As arvores a decoram, e o verde se espalha lado a lado como um corredor sem fim. Mal adentro e os degraus convidam-me. Agate Road, eu pertenco a ti.

A sensacao de chegar, o bem-estar repentino, eh como fugir da cidade, escapar, e se encontrar comigo mesmo. Respiro, troco de roupa. Volto a me ser. E quando adormeco, perco-me nos porques de mim mesmo. Estou aqui, onde esta voce?