Saturday 1 December 2007

Blues, blues.

Hoje eu quero acordar tarde. E que o radio toque uma desses musicas que me recordam ‘New York’. Andar pelas ruas de Londres vendo as folhas cairem, e os sinais fechando no fim da Oxford Street. E chorar com o vento frio enchugando as minhas lagrimas. E que este vento me leve para qualquer outro lugar em que eu possa ser um pouco mais eu.

Hoje eu so quero falar Portugues. Esquecer que me tornei esta pessoa correta, que preciso me fazer entender em cada frase. Eu quero a beira do rio, com sorvete e boa companhia. E o sol como um quadro no fim do dia.

Hoje eu quero desaparecer. Nao atender o telefone, rasgar fotografias. Eu quero chorar muito. Para que esta dor de existir me deixe de novo. Eu quero voltar pra casa, e ja ir embora logo em seguida. Eu quero o meu lugar. Pintado com as cores das paginas que se escrevem na minha cabeca e insistem em nao se pronunciar.

Eu quero uma folha em branco. E uma caneta azul.

Tuesday 30 October 2007

Vitamin C

20
one a day
Effervescent tablets

Sunday 21 October 2007

nothing

can take away these blues

Thursday 11 October 2007

Reflexoes de dias cinzas.

Os olhos bem fechados. Eh proibido acordar antes da hora. O astro-rei demora a chegar, e o frio que entra por baixo do cobertor, me faz querer ficar na cama. Esquento um cafe.

Ha um peso a mais nos meus ombros. O espelho me sussurra a palavra casacos. Eu rio e me vou para dentro da chuva.

Houve um assalto no trem. Um todos os dias, todas as horas. Alguem roubou os sorrisos, a alegria. As maos se perderam umas das outras e os rostos perderam algo. Procuro respostas no jornal do rapaz ao lado, nada.

A noite cai cedo demais, as minhas maos congelam no bolso. E o caminho de casa se esconde na imensidao de um cinza sem fim.

Cada um no seu canto, mais que nunca individuos. Janelas fechadas, nenhum som se propaga, nao escuto nada, nada.

O vento varreu as folhas, esgotou toda e qualquer esperanca de uma flor.

Eh o que eles chamam de inverno. Inverno, inverno. Cinza.


Essays on Me

Extremos. A velha ciranda brincando ao redor de mim. Problemas sao a solucao. O contrario de tudo.

Na busca de uma vida saudavel, acreditando que o todo eh o objetivo, me fiz uma pessoa que faz trabalhos voluntarios – na minha area de atuacao, mas ainda assim, sem um puto no bolso no fim do dia. Vi-me sem tempo para os amigos, sufocado nas acoes de mim mesmo.

Mudei a minha dieta, inclui coisas como chuchu, carne soh de frango, frutas – custam uma fortuna deste lado do planeta, horario para comer, troquei o chocolate pela barra de cereal, etc. Fui a academia fazer um check-up e o resultado eh: meu indice de gordura anda muito baixo, ha! Agora, reviro tudo de cabeca para baixo, como as caixas que empacotam os livros na sua vinda a livraria.

‘I am upside-down. Please, turn me over’.

Pesquiso quais comidas contem gorduras, descubro abacates, castanhas, etc. Ainda saudavel, mas rico em gordura. Ah, a vida! Voltei abatido para casa, pensando que nao importa que faca, estah tudo errado, esse eh o meu principio, o meu transcrever de atos.

Enfim, fotos para nao acharem que minto. Eu ando precisando engordar! ;D

jantar!















chuchu, biscoito salgado com recheio de queijo e geleia de framboesa francesa. suco de goiaba, ovo e sanduiche de atum.

me, myself and I


Monday 1 October 2007

Isso de brigar com os outros

As vezes, digo coisas que se propagam e ganham novos sentidos. E eu sou uma pessoa muito direta, que nao tolera mal-entendido, meias-palavras, digo o que ha de ser dito. Ofensa aceita, ofensa dita.

Mesmo quando nao eh conveniente, quando nao convem.

Outras vezes, e isso tem se repetido com uma certa frequencia, as pessoas enxergam palavras onde o som sequer se fez, inventam novos significados para o que digo, se ofendem, se sentem julgados. Cabe a mim entender que tudo aquilo que nos atinge eh o que reflete a nos mesmos.

Ou a imagem que temos de nos mesmos.

Ja pensei que a melhor saida era me fazer de rogado, pedir desculpas, tentar desatar o noh da bola de lan, mas agora, cansado de me explicar pelo que nao disse, ligo o botao do foda-se e desisto.

Em alguns momentos, considero se esta eh mesmo a melhor solucao. Amizades se vao, se enfraquecem, ou voltam apos algum tempo com umas boas risadas e uma taca de vinho, numa noite gelada em Covent Garden ou no Soho, sei lah, qualquer lugar com um bar de portas abertas.

O que se faz quando as pessoas se ofendem sem razao? Bancar o humilde nao eh tambem alimentar um mal-habito alheio? Orgulho dos outros nao eh tambem excesso e compactuar nao eh tambem um erro?

Aprendi que a minha radicalidade e integridade sao a base do que sou, nao abro mao. A maioria dos meus amigos me chamam de chato e com razao. Esse era o meu apelido na faculdade, inclusive. Mas em plenos 30 anos, aprendi que nao dar o braco a torcer eh algo essencial, embora ser maleavel seja fundamental.

O balanco eh ser firme nas minhas opinioes, e que cada um fique com os seus proprios problemas, eu jah tenho os meus.

Isso nao quer dizer que eu me negue a ajudar os outros. Recuso-me a desajudar os outros, mimar. Nao, esse nao sou eu. Nao importa o quanto vale a sua amizade. Ponto.

Wednesday 26 September 2007

Uni

As primeiras duas aulas na Universidade foram estupendas, motivantes. O mestrado promete ser tudo o que planejei. Escolhi o curso a dedo, e conforme parece, os professores sao super-experientes, cada um com suas passaganes por multinacionais, anos de carreira nas empresas mais importantes do mundo, etc e tal.

O engracado eh obedecer as regras de conduta, cortar os meus impulsos, refinar o meu ar espontaneo e solto. Como por exemplo, fazer as perguntas de forma elaborada, e acrescentar um Sir, no final da frase para soar upper class e de uma educacao superior.

Claro que estrangeiro que domina ingles acima de um certo nivel eh considerado educadissimo e de uma base familia seleta. Encontro-me eu e a italiana, vindos de familias educadas mas nao tao abonadas, e tambem sendo os unicos que trabalham e estudam ao mesmo tempo.

O que me impressiona eh a agilidade linguistica e o desprendimento dos australianos e do americano. Sinto-me intimidado, embora tenha mostrado, de improviso, que em se tratando de marketing, as minhas ideias soam tao ou mais objetivas e criativas quanto as deles.
Enfim, eh soh um comeco. Espero que cruzar os dedos ajude, e que nao me traga dores nas maos. ;D

Tuesday 25 September 2007

Distrações

Foi preciso tudo isso para saber que não passou de orgulho. Essa pretensa espalhada e diluída nos atos de que eu me basto e suporto o peso das palavras não-ditas.

Sim, teria sido mais fácil pedir ajuda. Acontece que sempre houve uma esperança, ainda que remota, de que você iria entender. Mas não, distraído entre os goles de Vodca, e as suas musicas que só deveriam tocar a noite, mas tocam durante todo o dia, você não viu.

Eu fui lah fora, reguei as plantas no jardim, e voltei para casa com os olhos cheios de lágrimas. Passaram-se 4 meses, talvez cinco, e eu dei de cara com um problema ainda maior. Adiamento, meu bem, eh o pior desleixo que um ser humano pode cometer.

Você perguntou se eu estava triste, eu disse que sim. Você quis saber o porquê. E não havia mais tempo, nem esperança, nem nada. O jardim continuava impecável, a minha maior distração, e tambem o meu desejo pelo não-óbvio.

Eu tive que bater a porta com muita força, arrastando as malas estupefatas pelo chão, perdendo o charme de uma avenida francesa. E de tão bêbado que você estava, sequer articulou as palavras. Não fossem os meus ouvidos treinados, jamais compreenderia a sentença que me libertou.

- Você vai ao mercado? Traz uma Vodca para mim?

Saturday 15 September 2007

ah, a tristeza

vontade de escrever sentimentalidades

Tuesday 4 September 2007

Rastros de solidao

Eu acordo sozinho
E passo sabao nas minhas costas
E tomo cafe sozinho
E sou eu quem bate a porta
E vou ao super soh
E almoco sozinho
Falo soh, vou ao cinema comigo mesmo
Leio e nunca escrevo porque escrever me faz sentri soh
E moro com alguem, mas eu moro soh
Eu ando sozinho
E nao converso com estranhos
E pego o onibus, o metro, o trem sozinho
E janto sozinho
E as vezes eu transo comigo mesmo
E as vezes nao
Mas ateh quando durmo acompanhado
Meu bem, eu acordo soh.

Wednesday 29 August 2007

O passar das..

Porque ontem, apos 4 anos, eu vi ‘As horas’ de novo. E eu moro muito perto de Richmond. E eu ja optei por sair do suburbio e vir para Londres. E porque aquela estacao de trem se parece com a minha, e a minha casa tem um jardim igualzinho a aquele.

E porque houve um tempo em que o Rio Tamisa me fascinava. E porque eu falo sozinho e escrevo um romance que nunca tem fim. E porque as pessoas me acham dificil e meio distraido demais. E tambem por outros motivos que eu nao sei falar.

E porque eu ja quis muito alguem que nao desistisse de mim, e agora eu sou tao bom em me livrar de pessoas que nao desistem de mim. E porque eu tambem ja pensei em desaparcer. E porque eu tambem ja voltei.

E por outras razoes que nao cabem aqui, e pelas linhas que tentam resumir aquilo que voce nao captura. E porque ja nao importa e ja eh noite outra vez.

It' so me!

"It is just that we were always a bit sad. That came more from character than from circumstance, and everyone around me agreed that it was possible to be happy without ceasing to be sad".

Marguerite Yourcenar.

Monday 20 August 2007

Friday 17 August 2007

Como catar pedacos dos meus escritos em gavetas esquecidas

O verao ja tah no final. Soh que nao houve verao, soh dias cinzas e de chuva com alguns espasmos de Sol. Guardei os dias e as noites livres para viver a Cidade e de repente, numa curva, numa situacao banal, descobrir que sim, a Cidade era possivel outra vez.

Fui literalmente torrando as minhas suadas economias e me negando a fazer o que nao desejo, eu, um escravo da minha teimosia.

Entao, como quem dah um passo para tras, sem olhar, sem desviar o rosto, tive uma surpresa boa, Aninha. A Cidade me quis, me amou, me disputou e eu tive que morder a lingua, cortar os seus pedacinhos fora e comer num jantar a dois, eu e o espelho. E o espelho era mais bonito que eu. E eu nao o sabia encarar.

Os meus ex-empregos todos me quiseram de volta. E o meu ex-amor me convidou para jantar. E eu conheci um outro-alguem que mora uma hora de trem da minha casa e que me diverte tanto, mas para quem eu nunca ligo, eu rezo para que desapareca, mas continua ligando.

Eu ando numa fase em que tudo se parece com um sim, qualquer som interrompido que formaria uma outra palavra, qualquer intervalo de si. Eh engracado, tudo que eu queria era um amor do passado, como catar pedacos dos meus escritos em gavetas esquecidas. E agora, eu nao quero nao.

Contento-me com a desilusao de saber-me soh e estar bem. Aberto, livre, na contra-mao daquilo que nos eh transmitido por geracoes, e passa nos cinemas e a gente acredita.

Ando como a Natalie Portman, na cena final de Closer – se voce for capaz de pensar em mim; como se a rua sorrise linhas brancas no chao para mim. Soh que ainda estou por aqui.

Por enquanto.
Bjos.

Saturday 11 August 2007

Convite

Pois que venham com as suas armaduras de ferro e gritem furacoes e tornados, e digam que as suas flores de plastico formam o mais belo jardim. E atirem pedras nas casas de telhados de vidro e jurem eternidades que se desfazem em noites mal-dormidas.

Pois que venham tentar me prevenir de dormir. Eu vou te encarar com os meus olhos mais vermelhos e convidar o por-do-sol a se retirar, ri dos seus amores, os seus valores falidos e caducos, eu vou assinar decretos de ruinas e explosoes, e desfazer as malas das suas nao-aprendizagens, as suas distracoes propositais.

Eu vou um gritar um FODA-SE bem alto e ligar o som e te convidar a dancar.

Thursday 2 August 2007

Nao quero te falar meu grande amor

Triste e perdido nesta Cidade, andando por ruas que nunca havia ido, pisando novos chaos, me vi num bar sozinho, tomando uma garrafa inteira de vinho tinto. A meia-luz. Como um bebado solitario.

O Sol veio a tona estes ultimos dias. As palavras comecam a se acumular em cadernos de folhas brancas e riscas de giz. Tao elegantes. E nao sabendo o que fazer com este desmoronamento de tempo, voltei a academia, fiz aula de Tango com a minha amiga da Alemanha, beijei voce.

Que bom que agora apago numeros de telefone. A vontade de ligar passa.

Retomei meu emprego como garcon por duas noites na semana – eu ando taaaaooo quebrado. Tudo porque este excesso repentino de tempo soh me faz pensar em ti, que nem existe, que nao passa de um rascunho abandonado num caderno fechado.

Comecei a escrever um romance tambem. Um romance sem estoria de amor. E a cada linha me pergunto se isto eh possivel.

Serah preciso ficar soh pra se viver?

Estudo espanhol, roubo sorrisos da instrutora de ginastica, coincidentemente aleman – raspei a cabeca, releio Ask the Dust – Pergunte ao poh, desta vez em ingles, tao mais poetico e sofrido; pegarei um trem para ver o mar na sexta.

Investigo a fundo a possibilidade de ser feliz sem voce. Foda-se. Eu ja li o Symposium, Essays in Love, P. S. On love, a pagina 100 das cartas de Fernando Abreu. E voce quando se bate comigo, nem sabe disso, voce nem se da ao trabalho de me descobrir.

Foda-se, eu ando muito ocupado para voce, meu bem.

Sunday 29 July 2007

verdades

sinceridade escancarada nunca foi o meu forte.

sempre fui de meias-palavras.

Friday 27 July 2007

desvios

Como num delirio, tive esta sensacao de que as lagrimas que chorei por tantos motivos, por tantos anos, por voce nao existir, porque as pessoas morrem, ou partem, porque o futuro nao vem, porque amanha eh sabado e eu nao me importo, porque nao nada lah, porque eu pisei fora da roda e nao consigo voltar, porque eh um dia cinza e eu sinto frio.

Tive esta sensacao de que as lagrimas faziam um caminho inverso, brotando, entrando nos olhos. E essa imagem violenta de pessoas morrendo de sede e solidao. Entao, acordei. La fora, a rua em obras, parece que a gente tah sempre tentando consertar o que em breve necessitara novos concertos, ajustes.

Eu tive esta sensacao de que ia fazer Sol, mas o Sol nao veio.

Wednesday 25 July 2007

erros e enganos

Briguei com a Cidade. Daquela forma em que me ocorre um soh sentido, uma soh direcao: fugir. Catei os meus ultimos trocados e peguei uma dessas maquinas que nos jogam em outro paihs em questao de horas.

Entao, a cidade se chamava outra. Era quente e se falava Espanhol. Madrid, eu nao te amo nao. Demorou muito tempo para descobrir, umas 24 horas, penso. Da distancia entre chegar com a minha ‘backpack’ e desembarcar num hostel num quarto com quatro pessoas falando – que lingua se fala mesmo na Belgica? – e ir a praca tomar cerveja e esquecer de tudo que deixei pra tras.

E o tempo passou, os bares foram se colorindo de luzes, musica, pessoas. O sol se pos. Eu jah tava tao baqueado, os olhos com aquela mistura de tristeza e encantamento Blue. Quando eu o vi, um rapaz frances que nao falava ingles, espanhol ou portugues.

E foi assim, engracado, ele visivelmente me cantando. Em frances, imagina soh. E eu, arrogante, falando ingles com ele, espanhol. Entendo tudo o que ele dizia, e ele sorria e me dava beijinhos de leve no rosto, e eu o empurrava de leve tambem. Ate que pensei que eu nao queria nada disso nao.

Que razao havia para se apaixonar por um rapaz, um rapaz, um rapaz que nao fala as linguas que voce fala, que nao mora onde voce mora, que soh quer te levar para baixo dos lencois, para cima dos lencois, para o chuveiro? Ateh a minha mente aberta se fechou e jogou a chave para longe.

Nao ha razao nenhuma. Soh que o rapaz frances era o homem mais bonito que ja vi na vida! Os olhos verdes, e um sorriso ‘childish’, como gosto. Bebi tanto, fui dancar num bar e as Espanholas e os Espanhois queriam ‘hablar conmigo’. Mas eu nao queria nao. Eu nao queria nada disso.

Fui para o hostel chorando, perdido na Cidade que guarda a bela Guernica, carregando um desespero, uma saudade e uma raiva de nunca ter entendido que aquele balancar de ombros quando Stella foi embora, era a razao de todo o meu sofrer. Eu nunca mais me permiti ter alguem, porque Stella era a minha cena de cinema, a musica que nunca compus, o poema que nunca escreverei.

E ja no primeiro dia, Madrid tinha chegado ao fim. Fui para Barcelona e a cidade era alegre, colorida, possivel. E como se Deus estivesse brincando comigo, ou isso que a gente chama de Deus, eu caih doente. Passei dois dias suando, com febre, sem poder tomar um cafe nas Ramblas, sentar para ler na Plaza de Catalunya, fumar um no Parque construido por Gaudi, mergulhar no mar.

De repente, era tempo de voltar. E Londres era cinza, barulhenta, suja outra vez. Fiquei deprimido, quis voltar ao Brasil, ligar para Ana, tomar venenos, me trancar. Mas a Cidade foi se mostrando e os dias se sucedendo e aos poucos compreendi que preciso ir a Holanda, urgentemente. Antes que a neve caia, e os coracoes congelem longe de ti.

Monday 23 July 2007

nada nao

nao ha nada lah. nem aqui. nada.

Wednesday 4 July 2007

Fora do meu umbigo

A cidade anda pavorosa. Ameacas de bomba a cada esquina agora que Gordon Brown eh o novo primeiro ministro. Todos pedem a retirada das tropas no Iraque. A incompetencia dos terroristas transforma carros-bomba em simples ameacas. A midia se decepciona.

Chove, faz frio, e o verao nao veio ainda me ver. Ontem, caiu granizo nas ruas de Fulham, em pleno Julho, voce acredita? Eh o que eles chamam de ‘Climate Change’, o aquecimento global, nosso alto envenenamento. Um milhao de galoes de oleo queimados a cada segundo no mundo.

O meu flatmate armago e solitario quer conversar as duas da manha, enquanto bocejo e peco licenca para dormir.

Peco demissao da revista, ferias do bookshop, um minuto para as cortinas fecharem, numa plateia vazia, sem palmas. A minha alma chora a distancia dos lencos.

Me voy a Barcelona.

Pego um aviao para Madrid, soh para ver o Sol. O meu cofre cada vez mais vazio, peco a Deus que nao, nao me abandone. E toque uma musica triste para eu porder dormir.

Thursday 28 June 2007

escrito ha tanto tempo e..

Quando você não está, não é tão bom beber. O bar pode estar cheio de gente circulando, de promessas bonitas, de rótulos. Eu quero fumar mais um pouco, brigar pelos 10%, ir embora. As pessoas ficam falando, falando, não presto atenção a uma palavra. Fico no meu de-dentro, na falta que sinto de te ver através do copo quando a bebida acaba. Sinto falta das suas interrupções, das suas doses de bom humor. Sinto falta de você me protegendo dessa garota que está me beijando agora.

Wednesday 27 June 2007

Monday 11 June 2007

mais do mesmo

Do lado de fora, pela janela, a vida se desenrola em forma de vizinhos, atraves dos vidros. Ha pouco, uma senhora corria os dedos por uma tela, me olhando, escondendo a figura de mim. O que ela esta a pintar?

Vejo um casal num plano em que o olho nao pede desvios. Sentam num patio, com cadeiras de madeira, expostos ao Sol que se pos. Devem ser australianos, penso. Nao se incomodam com a minha vigilancia, reproduzem o clima tropical de um outro pais.

Fico a pensar que o mundo urge acontecimentos. Na rotina dos dias, esconde-se uma leveza que atribuo a normalidade. O que serah que eles pensam de mim? Pensam alguma coisa?

Os vendedores das lojas, o rapaz do off-license, a menina do dry-cleaning, todos denominaram o meu rosto de familiar. Eu ando por estas ruas, moro perto deles, quase me enquadro nas fotos tiradas ao meu lado. Eu, eu, eu.

Pronome da primeira pessoa do singular.

Isso deveria ser soh, mas eh apenas uma espera.

Ps. Ao som de Vento no Litoral.

Every other thing.

Rain 2.

Outside, from my bedroom window, life goes on displaying neighbours, through the glass. Just a moment ago, an old lady was running her fingers through a painting, gazing at me, hiding the frame. What is she painting?

I can see a couple in a direction where the eye doesn’t have to make any effort. Sat, on wooden chairs, lying on the Sun who has already gone. They must be Australians, I wonder. It doesn’t bother them my surveillance, they recreated the atmosphere of a tropical country.

I think that the world is asking for happenings. In the apparent routine, normality is hidden. What do they think about me? Do they care?

The sales assistants, the guy at the off-license, the girl at the dry-cleaning, all of them have said my face is already familiar. I walk in these streets, I live just around the corner, I am almost captured by the pictures they take beside me. I, I, I.

Such a lonely word.

But it is just a matter of waiting; you should Know that by now.

Ps. Listening to ‘Vento no Litoral’, by Renato Russo.

Sunday 10 June 2007

recado para mim mesmo

no more small talk.

Friday 1 June 2007

good news

olha soh o que acabo de ler, meu coracao ainda tah batendo ligeiro!

"Dear Breno,

I am delighted to inform you that you have been selected for a scholarship. Please see attached the offer letter."

Bolsa parcial para o mestrado que farei a partir de Setembro. Agora nao estou mais tao tao tao apertado. soh um pouco. ;D

Monday 28 May 2007

La fora estah chovendo

Lembro do dia em que Stella se foi. Eu tinha recem-comprado o Guardian e uma materia dizia algo sobre o St Patrick’s day. Estava chovendo e frio, o ceu coberto daquele cinza e da fog de Londres. Andava por uma rua clara, repletas de pubs e gente bebada. O telefone tocou. Mensagem.

O meu espanhol tava uma merda, mais de dois meses sem ve-la. O aeroporto interditado por dois dias, havia explodido umas bombas na cidade. Stella nunca mais ligou.

Refletindo no porque da minha distancia, conclui que eu tive medo de nunca ser para ela aquilo que um dia ela pensou possivel. Havia pedido demissao, o Landlord me deu uma semana para arranjar outra casa, e o meu amor foi embora. Comprei uma garrafa de Vodka, bebi sem nada, uma dor no estomago e uma tonteira danada. Na beira do rio, dois policiais me pararam, checaram documentos.

Take your hands off me. I don’t owe you a penny!

Subi as escadas da ponte do Jubileu da Rainha, as instalacoes metalicas pareciam mover-se, o rio balancava, as minhas vistas nao diferenciavam o que era estatua de ser vivo, tudo de repente parecia se mover, caih.

O ceu se irritou. E quando tudo parecia perdido, imensamente dolorido e soh; e quando tudo era este estar soh comigo e nao gostar de quem eu tava sendo naquele momento para os outros, me isolando, me sabotando; e quando aquilo se tornou um rompante de angustia e falta tao insuportaveis como o instante de uma batida de carro a 190 por hora, entao, comecou a chover.

Rain

I clearly remember the day Stella left. I had just bought The Guardian, and a piece of news on the cover said something about St Patrick’s Day. It was raining and cold, the sky covered with that grey so typical of London. I was walking down a very lighted street, pubs everywhere and drunken people. My mobile rang. A message.

My Spanish was crap for I had not seen her for two entire months. The airport was closed for two days; some bombs had just exploded in the city, many people had died. She never called me again.

Thinking about why I was so selfish and kept a distance from her, I could just conclude that I was too afraid of not being what she thought would have been possible. I had quit my job, the Landlord had given me a few days to find another house, and my big love had disappeared. I bought a bottle of Vodka, drank it plain, and my stomach made a complaint, I felt utterly dizzy. By the river, two policemen asked me for documents.

Take your hands off me. I don’t owe you a penny!

I climbed the stairs of the Jubilee Bridge, the metal installations seemed to shake, the Thames danced, my eyes could not make any difference from a statue to a human being, everything just seemed to move, I fell down.

The sky got really angry, and when all I could care about was lost, deeply sore and lonely; when everything was this being on my own and totally disliking this person I had become to me and to the others, isolated, a self-saboteur; and when everything turned out as a feeling of emptiness and lacking as unbearable as the moment that a car crashes at 190 km/hour, then, it started raining.

pergunta?

nada nao.

Sunday 27 May 2007

furto

vi no blog da Cecilia Giannetti e fui OBRIGADO a furtar.

"Beijar o gato entre as orelhas é uma forma de solidão. Lavar a louça às três da manhã, apreciar muito a própria letra, ouvir a brasa comer o papel do fumo no silêncio. Acreditar nas estrelas que passam com mais pressa. Deitar sozinho. Às vezes deitar acompanhado também. Ter um casaco de lã cinza-escuro que não lava há dois invernos. Acompanhar um seriado (americano). Achar-se inadequado e esquecido ou achar-se bom demais pros outros. Possuir nesse vasto mundo apenas um cabideiro. Beber destilado em copo plástico, esquecer o aniversário da amiga. Ver televisão com fantasma, ouvir rádio desligado da tomada. Conversar em fila, falar alemão, detestar turista, abrir mão de. Viciar em remédio pro nariz, ganhar na loto, guardar papel de presente, saber cerzir, não ser fascinado pela tecnologia, amar gadgets que não sabe usar. Não amar ninguém. Telefonar a cobrar de um orelhão na chuva pra outra cidade, chamar o garçom pelo nome e ser chamado pelo nome por ele. Concordar que o rock morreu. Escrever sem expectativa. Confiar no conselho da manicure. Escrever cartas, não enviar cartas. Às vezes mesmo enviá-las é uma forma de solidão. Sentar na segunda fila no cinema, botar bebedouro pra passarinho na janela. Dormir com a caneta na mão."

o desktop da casa branca ;D


fotos da casa branca


Friday 25 May 2007

Quando tudo eh ausencia

Ao fundo, toca um som escoces, algo que o meu flatmate chama de Bad Pipe. Eu fico cah, o meu estado suspenso, um leve balancar do vento que entra pela janela. E essa eterna consciencia de que voce nao vem. Estou tristonho, nao triste, roendo as bordas de uma tristeza que nem machuca nem passa. Acostumando-me a nao te ter, a viver esta vida solitaria, onde os dias se seguem no compasso de um som lah de cima, um CD que voce esqueceu por aqui soh para eu te relembrar. Estou assim, meio sem querer, sem nem saber o porque.

Friday 18 May 2007

4c, Agate Rd

La fora, todas as ruas me conduzem a um mesmo lugar. Uma rua da qual o nome se empregnou em mim, nas minhas cartas, contas, correspondencias.

As arvores a decoram, e o verde se espalha lado a lado como um corredor sem fim. Mal adentro e os degraus convidam-me. Agate Road, eu pertenco a ti.

A sensacao de chegar, o bem-estar repentino, eh como fugir da cidade, escapar, e se encontrar comigo mesmo. Respiro, troco de roupa. Volto a me ser. E quando adormeco, perco-me nos porques de mim mesmo. Estou aqui, onde esta voce?