As vezes, digo coisas que se propagam e ganham novos sentidos. E eu sou uma pessoa muito direta, que nao tolera mal-entendido, meias-palavras, digo o que ha de ser dito. Ofensa aceita, ofensa dita.
Mesmo quando nao eh conveniente, quando nao convem.
Outras vezes, e isso tem se repetido com uma certa frequencia, as pessoas enxergam palavras onde o som sequer se fez, inventam novos significados para o que digo, se ofendem, se sentem julgados. Cabe a mim entender que tudo aquilo que nos atinge eh o que reflete a nos mesmos.
Ou a imagem que temos de nos mesmos.
Ja pensei que a melhor saida era me fazer de rogado, pedir desculpas, tentar desatar o noh da bola de lan, mas agora, cansado de me explicar pelo que nao disse, ligo o botao do foda-se e desisto.
Em alguns momentos, considero se esta eh mesmo a melhor solucao. Amizades se vao, se enfraquecem, ou voltam apos algum tempo com umas boas risadas e uma taca de vinho, numa noite gelada em Covent Garden ou no Soho, sei lah, qualquer lugar com um bar de portas abertas.
O que se faz quando as pessoas se ofendem sem razao? Bancar o humilde nao eh tambem alimentar um mal-habito alheio? Orgulho dos outros nao eh tambem excesso e compactuar nao eh tambem um erro?
Aprendi que a minha radicalidade e integridade sao a base do que sou, nao abro mao. A maioria dos meus amigos me chamam de chato e com razao. Esse era o meu apelido na faculdade, inclusive. Mas em plenos 30 anos, aprendi que nao dar o braco a torcer eh algo essencial, embora ser maleavel seja fundamental.
O balanco eh ser firme nas minhas opinioes, e que cada um fique com os seus proprios problemas, eu jah tenho os meus.
Isso nao quer dizer que eu me negue a ajudar os outros. Recuso-me a desajudar os outros, mimar. Nao, esse nao sou eu. Nao importa o quanto vale a sua amizade. Ponto.