Friday, 16 May 2008
Mentiras
O espelho, meu pior inimigo. Mesmo quando as canecas vazias das minhas lembranças denotam tristeza, o reflexo não se altera. O mesmo rosto jovem e harmônico. Mentiras. Eu nem preciso falar para mentir. Sou um mentiroso calado, involuntário. Um sopro que você expira e depois cospe, sujando a rua da Cidade cinza. Mesmo quando sou irresponsável e torto, e deveria carregar em sacos pláticos pretos as culpas que abandono. Mesmo assim, o espelho. Não se altera. Eu vou cobri-lo como em ‘o retrato de Dorian Gray’, e depois varrer a rua que você irresponsavelmente pisa. Eu vou raspar a cabeça outra vez.