Friday 17 August 2007

Como catar pedacos dos meus escritos em gavetas esquecidas

O verao ja tah no final. Soh que nao houve verao, soh dias cinzas e de chuva com alguns espasmos de Sol. Guardei os dias e as noites livres para viver a Cidade e de repente, numa curva, numa situacao banal, descobrir que sim, a Cidade era possivel outra vez.

Fui literalmente torrando as minhas suadas economias e me negando a fazer o que nao desejo, eu, um escravo da minha teimosia.

Entao, como quem dah um passo para tras, sem olhar, sem desviar o rosto, tive uma surpresa boa, Aninha. A Cidade me quis, me amou, me disputou e eu tive que morder a lingua, cortar os seus pedacinhos fora e comer num jantar a dois, eu e o espelho. E o espelho era mais bonito que eu. E eu nao o sabia encarar.

Os meus ex-empregos todos me quiseram de volta. E o meu ex-amor me convidou para jantar. E eu conheci um outro-alguem que mora uma hora de trem da minha casa e que me diverte tanto, mas para quem eu nunca ligo, eu rezo para que desapareca, mas continua ligando.

Eu ando numa fase em que tudo se parece com um sim, qualquer som interrompido que formaria uma outra palavra, qualquer intervalo de si. Eh engracado, tudo que eu queria era um amor do passado, como catar pedacos dos meus escritos em gavetas esquecidas. E agora, eu nao quero nao.

Contento-me com a desilusao de saber-me soh e estar bem. Aberto, livre, na contra-mao daquilo que nos eh transmitido por geracoes, e passa nos cinemas e a gente acredita.

Ando como a Natalie Portman, na cena final de Closer – se voce for capaz de pensar em mim; como se a rua sorrise linhas brancas no chao para mim. Soh que ainda estou por aqui.

Por enquanto.
Bjos.