Wednesday, 29 August 2007

O passar das..

Porque ontem, apos 4 anos, eu vi ‘As horas’ de novo. E eu moro muito perto de Richmond. E eu ja optei por sair do suburbio e vir para Londres. E porque aquela estacao de trem se parece com a minha, e a minha casa tem um jardim igualzinho a aquele.

E porque houve um tempo em que o Rio Tamisa me fascinava. E porque eu falo sozinho e escrevo um romance que nunca tem fim. E porque as pessoas me acham dificil e meio distraido demais. E tambem por outros motivos que eu nao sei falar.

E porque eu ja quis muito alguem que nao desistisse de mim, e agora eu sou tao bom em me livrar de pessoas que nao desistem de mim. E porque eu tambem ja pensei em desaparcer. E porque eu tambem ja voltei.

E por outras razoes que nao cabem aqui, e pelas linhas que tentam resumir aquilo que voce nao captura. E porque ja nao importa e ja eh noite outra vez.

It' so me!

"It is just that we were always a bit sad. That came more from character than from circumstance, and everyone around me agreed that it was possible to be happy without ceasing to be sad".

Marguerite Yourcenar.

Monday, 20 August 2007

Friday, 17 August 2007

Como catar pedacos dos meus escritos em gavetas esquecidas

O verao ja tah no final. Soh que nao houve verao, soh dias cinzas e de chuva com alguns espasmos de Sol. Guardei os dias e as noites livres para viver a Cidade e de repente, numa curva, numa situacao banal, descobrir que sim, a Cidade era possivel outra vez.

Fui literalmente torrando as minhas suadas economias e me negando a fazer o que nao desejo, eu, um escravo da minha teimosia.

Entao, como quem dah um passo para tras, sem olhar, sem desviar o rosto, tive uma surpresa boa, Aninha. A Cidade me quis, me amou, me disputou e eu tive que morder a lingua, cortar os seus pedacinhos fora e comer num jantar a dois, eu e o espelho. E o espelho era mais bonito que eu. E eu nao o sabia encarar.

Os meus ex-empregos todos me quiseram de volta. E o meu ex-amor me convidou para jantar. E eu conheci um outro-alguem que mora uma hora de trem da minha casa e que me diverte tanto, mas para quem eu nunca ligo, eu rezo para que desapareca, mas continua ligando.

Eu ando numa fase em que tudo se parece com um sim, qualquer som interrompido que formaria uma outra palavra, qualquer intervalo de si. Eh engracado, tudo que eu queria era um amor do passado, como catar pedacos dos meus escritos em gavetas esquecidas. E agora, eu nao quero nao.

Contento-me com a desilusao de saber-me soh e estar bem. Aberto, livre, na contra-mao daquilo que nos eh transmitido por geracoes, e passa nos cinemas e a gente acredita.

Ando como a Natalie Portman, na cena final de Closer – se voce for capaz de pensar em mim; como se a rua sorrise linhas brancas no chao para mim. Soh que ainda estou por aqui.

Por enquanto.
Bjos.

Saturday, 11 August 2007

Convite

Pois que venham com as suas armaduras de ferro e gritem furacoes e tornados, e digam que as suas flores de plastico formam o mais belo jardim. E atirem pedras nas casas de telhados de vidro e jurem eternidades que se desfazem em noites mal-dormidas.

Pois que venham tentar me prevenir de dormir. Eu vou te encarar com os meus olhos mais vermelhos e convidar o por-do-sol a se retirar, ri dos seus amores, os seus valores falidos e caducos, eu vou assinar decretos de ruinas e explosoes, e desfazer as malas das suas nao-aprendizagens, as suas distracoes propositais.

Eu vou um gritar um FODA-SE bem alto e ligar o som e te convidar a dancar.

Thursday, 2 August 2007

Nao quero te falar meu grande amor

Triste e perdido nesta Cidade, andando por ruas que nunca havia ido, pisando novos chaos, me vi num bar sozinho, tomando uma garrafa inteira de vinho tinto. A meia-luz. Como um bebado solitario.

O Sol veio a tona estes ultimos dias. As palavras comecam a se acumular em cadernos de folhas brancas e riscas de giz. Tao elegantes. E nao sabendo o que fazer com este desmoronamento de tempo, voltei a academia, fiz aula de Tango com a minha amiga da Alemanha, beijei voce.

Que bom que agora apago numeros de telefone. A vontade de ligar passa.

Retomei meu emprego como garcon por duas noites na semana – eu ando taaaaooo quebrado. Tudo porque este excesso repentino de tempo soh me faz pensar em ti, que nem existe, que nao passa de um rascunho abandonado num caderno fechado.

Comecei a escrever um romance tambem. Um romance sem estoria de amor. E a cada linha me pergunto se isto eh possivel.

Serah preciso ficar soh pra se viver?

Estudo espanhol, roubo sorrisos da instrutora de ginastica, coincidentemente aleman – raspei a cabeca, releio Ask the Dust – Pergunte ao poh, desta vez em ingles, tao mais poetico e sofrido; pegarei um trem para ver o mar na sexta.

Investigo a fundo a possibilidade de ser feliz sem voce. Foda-se. Eu ja li o Symposium, Essays in Love, P. S. On love, a pagina 100 das cartas de Fernando Abreu. E voce quando se bate comigo, nem sabe disso, voce nem se da ao trabalho de me descobrir.

Foda-se, eu ando muito ocupado para voce, meu bem.