Thursday 20 March 2008

Inexplicacoes

Flashes do pasado rondam a minha cabeca. Resgates de memorias que se evaporam de alguma fonte desconhecida, refugio do insondavel. Vem-me imagens esporadicas, emocoes positivas, quase saudades.

Andando descalco no sertao da Bahia, com oito anos, correndo atras de peixinhos no rio ralo que banha a estrada por onde passamos. Seguido de uma visita a uma casa muito simples, forno de madeira, comida caseira.

O sol se pondo atras do farol, o cheiro da grama varrida pelo vento, o ceu mudando de cor, serenatas de degrades se decompondo num ponto em que nao posso tocar. O espasmo, a luz artificial, o mar.

O ser familia, o almocar junto, o brigar, o gritar, o nao precisar de desculpas, as falhas, as risadas compartilhadas, os amigos, ah, os amigos, a minha alternatividade entre as ruas de um pelourinho recem-reformado, decorado e tao decadente, nao saber me ser e ser tao eu, as renuncias, o ar modificando-se no cigarro de menta da minha prima que me gira num passo de forro na praca da Dinha, enquanto o excesso de alcool e a mao dentro do bolso tocando a chave do carro me faz pensar em desistir, e querer recomecar.

Lembrancas que surgem sem um porque, um porem, que necessitam de analise, num momento em que o meu corpo arde de novo, que diz nao ao nao, que compreende as origens dos pontos de nos no novelo de la, a complexidade do meu ser. Desejos imensuraveis de me enfiar nuns lencois alheios - ah, como a Anais Nin tem me feio mal com o seu diario, por que serah que adoro diario de escritores, por que escrevo este blog? – de me perder novamente, sem a busca de amor – foda-se todo o choro, querer o gozo, a culpa, o andar vazio e feliz.

Inexplicacoes de mim mesmo, uma torrente perversa, auto-injecoes. Eu soh sou capaz de agredir a mim mesmo, nestes momentos, e ainda assim, sem querer, sao os outros que saem feridos, sao eles que compram a imagem do desvario sedutor, da consciencia a mais, do romance impossivel, sao eles que infiltram estes retratos no album das fotos que eu nao tirei.

Querer me centrar, fugir do perigo de mim mesmo. Fugir de mim.