Monday 18 February 2008

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Dear Ana,

Para te contar de ontem, preciso comecar voltando uma pagina no calendario. Descobrimos um barzinho em Clapham na quarta, bem descolado, um lugar em que nos sentimos mais Ingleses, embora todas as palavras insistissem em sair em Portugues. Bebemos muito do vinho mais barato, rimos, voltamos para casa no frio, distraidos por uma certa bebedeira.

Entao, veio o Valentine’s Day. Acordei com uma ressaca e o dia comecou atrasado. Estava na Universidade entre os meus papeis quando li o teu e-mail. Ao meu redor, computadores e pessoas, ambas maquinas, digitando, escrevendo, racionais, diretas. Fiz pesquisas para tres trabalhos, ouvi a Marisa Monte e o seu CD das cores e fui almocar sozinho. Existe coisa mais solitaria do que o ato de comer?

Comprei uma Coca-cola para rebalancear o equilibrio mental, fui para a aula de Marketing Internacional, onde um professor Irlandes fala todo o tempo sobre marcas como a Guiness e a Ryanair, ambas irlandesas, no seu sotaque irritante e certas vezes incompreensivel. Depois, peguei um onibus para Putney e a vista do rio, ao cruzar a ponte, me fez pela primeira vez no dia suspirar. Eu ando tao bem comigo, pouco me importa as possibilidades de amor lah fora. E os onibus de Londres nao tem janelas como os do Brasil, voce sabe, voce compreende, nao?

Fui para o tal restaurante americano, onde vez ou outra trampo. Vi casais esquisitos, gente magra, gorda, branca, negra, de multiplas nacionalidades, soh nao vi as folhas que jah nascem nas arvores, enquanto o dia morre cada vez mais tarde.

No fim da noite, fui pago por uma traducao que fiz ha pouco de um Website e voltei para casa feliz, exausto, indiferente.

Este silencio de mais de dois meses foi mais um baque. Sei que voce ouviu rumores. Fez-me mais forte, abriu os olhos, fez-me entender que eu preciso parar de brigar com o mundo, de idealizar, de bancar o ermitao. E de que as minhas escolhas precisam de objetivos a longo prazo, sem a confusao destas sentimentalidades, distracaoes.

Enfim, ontem foi um dia assim, como outro dia qualquer. Recluso na rendicao de mim mesmo.

Obrigado pela carta, um beijo frio de Londres,

Breno

Ps. Eh uma pena que nao tenho tanto a dizer. Sao apenas sucessoes de dias de estudo e noites raras com amigos.
Ps2. Escrito no dia 15, mas soh hoje o blogger me deixou publicar!