Ensaio uma certa distancia de mim mesmo. Nos todos temos motivos para atos impensados. Como ao ver um amor do passado, nao resistir e dizer: ‘eh uma pena, eu te amei tanto’. Do alto de uma sinceridade tao devastante, de nao procurar respostas no rosto do outro, de simplesmente partir e se perder por ai. Nao por causa de ninguem, mas por si.
De certa froma, entre os vagoes daquele trem e o balancar do onibus, apos racionalizar os meus sentimentos e me sentir confuso e cansado, fica a impressao de que o meu nao amar ninguem eh uma defesa fodida. Concha fechada, sem barulho do mar. Lendo as cartas do Caio Fernando Abreu no domingo, me peguei com umas frases grudadas a memoria, e quis chorar. ‘Por tudo que se perdeu’.
‘Eu nao quero ter vegonha de nada que sou capaz de sentir’. – nas cartas.
Eu tava tao bonito, naquele limite de quem eu sou, no limite dos tracos que envelhecem aos poucos, eu tava de bem comigo, vestido no meu estilo serio-alternativo, eu tava tao bem, que tive de beijar outras bocas e dizer nao, nao me importo.
Fiquei esperando por uma certa tristeza, que nao veio, soh em alguns momentos raros. ‘O grande amor da minha vida, nao me doi mais’. Ai, que estranho. O se encontrar e descontrar, tao urbano, como diria o Caio. E eu mudei tanto. Sou tao mais interessante e como aprendi a domar a minha solidao, preenchendo-a com amizades.
Acordei, a agencia de propaganda Londrina me ligou para uma traducao, de um roteiro e um anuncio da BASF, num domingo! Sao tao raras estas ligacoes agora, os projetos em Portugues do Brasil sao tao poucos, que nao pude dizer nao.
Vim a universidade, a vida segue o seu ritmo normal, tao de bem comigo, tao estranho, quando sera que ficarei triste de novo. Eu sou um ser humano ‘blues’, eu que nem sei me ser, que sou opostos.
Eu que estanco estas dores.
Monday, 25 February 2008
Monday, 18 February 2008
Post
Dear Ana,
Para te contar de ontem, preciso comecar voltando uma pagina no calendario. Descobrimos um barzinho em Clapham na quarta, bem descolado, um lugar em que nos sentimos mais Ingleses, embora todas as palavras insistissem em sair em Portugues. Bebemos muito do vinho mais barato, rimos, voltamos para casa no frio, distraidos por uma certa bebedeira.
Entao, veio o Valentine’s Day. Acordei com uma ressaca e o dia comecou atrasado. Estava na Universidade entre os meus papeis quando li o teu e-mail. Ao meu redor, computadores e pessoas, ambas maquinas, digitando, escrevendo, racionais, diretas. Fiz pesquisas para tres trabalhos, ouvi a Marisa Monte e o seu CD das cores e fui almocar sozinho. Existe coisa mais solitaria do que o ato de comer?
Comprei uma Coca-cola para rebalancear o equilibrio mental, fui para a aula de Marketing Internacional, onde um professor Irlandes fala todo o tempo sobre marcas como a Guiness e a Ryanair, ambas irlandesas, no seu sotaque irritante e certas vezes incompreensivel. Depois, peguei um onibus para Putney e a vista do rio, ao cruzar a ponte, me fez pela primeira vez no dia suspirar. Eu ando tao bem comigo, pouco me importa as possibilidades de amor lah fora. E os onibus de Londres nao tem janelas como os do Brasil, voce sabe, voce compreende, nao?
Fui para o tal restaurante americano, onde vez ou outra trampo. Vi casais esquisitos, gente magra, gorda, branca, negra, de multiplas nacionalidades, soh nao vi as folhas que jah nascem nas arvores, enquanto o dia morre cada vez mais tarde.
No fim da noite, fui pago por uma traducao que fiz ha pouco de um Website e voltei para casa feliz, exausto, indiferente.
Este silencio de mais de dois meses foi mais um baque. Sei que voce ouviu rumores. Fez-me mais forte, abriu os olhos, fez-me entender que eu preciso parar de brigar com o mundo, de idealizar, de bancar o ermitao. E de que as minhas escolhas precisam de objetivos a longo prazo, sem a confusao destas sentimentalidades, distracaoes.
Enfim, ontem foi um dia assim, como outro dia qualquer. Recluso na rendicao de mim mesmo.
Obrigado pela carta, um beijo frio de Londres,
Breno
Ps. Eh uma pena que nao tenho tanto a dizer. Sao apenas sucessoes de dias de estudo e noites raras com amigos.
Ps2. Escrito no dia 15, mas soh hoje o blogger me deixou publicar!
Para te contar de ontem, preciso comecar voltando uma pagina no calendario. Descobrimos um barzinho em Clapham na quarta, bem descolado, um lugar em que nos sentimos mais Ingleses, embora todas as palavras insistissem em sair em Portugues. Bebemos muito do vinho mais barato, rimos, voltamos para casa no frio, distraidos por uma certa bebedeira.
Entao, veio o Valentine’s Day. Acordei com uma ressaca e o dia comecou atrasado. Estava na Universidade entre os meus papeis quando li o teu e-mail. Ao meu redor, computadores e pessoas, ambas maquinas, digitando, escrevendo, racionais, diretas. Fiz pesquisas para tres trabalhos, ouvi a Marisa Monte e o seu CD das cores e fui almocar sozinho. Existe coisa mais solitaria do que o ato de comer?
Comprei uma Coca-cola para rebalancear o equilibrio mental, fui para a aula de Marketing Internacional, onde um professor Irlandes fala todo o tempo sobre marcas como a Guiness e a Ryanair, ambas irlandesas, no seu sotaque irritante e certas vezes incompreensivel. Depois, peguei um onibus para Putney e a vista do rio, ao cruzar a ponte, me fez pela primeira vez no dia suspirar. Eu ando tao bem comigo, pouco me importa as possibilidades de amor lah fora. E os onibus de Londres nao tem janelas como os do Brasil, voce sabe, voce compreende, nao?
Fui para o tal restaurante americano, onde vez ou outra trampo. Vi casais esquisitos, gente magra, gorda, branca, negra, de multiplas nacionalidades, soh nao vi as folhas que jah nascem nas arvores, enquanto o dia morre cada vez mais tarde.
No fim da noite, fui pago por uma traducao que fiz ha pouco de um Website e voltei para casa feliz, exausto, indiferente.
Este silencio de mais de dois meses foi mais um baque. Sei que voce ouviu rumores. Fez-me mais forte, abriu os olhos, fez-me entender que eu preciso parar de brigar com o mundo, de idealizar, de bancar o ermitao. E de que as minhas escolhas precisam de objetivos a longo prazo, sem a confusao destas sentimentalidades, distracaoes.
Enfim, ontem foi um dia assim, como outro dia qualquer. Recluso na rendicao de mim mesmo.
Obrigado pela carta, um beijo frio de Londres,
Breno
Ps. Eh uma pena que nao tenho tanto a dizer. Sao apenas sucessoes de dias de estudo e noites raras com amigos.
Ps2. Escrito no dia 15, mas soh hoje o blogger me deixou publicar!
Subscribe to:
Posts (Atom)