Wednesday, 25 July 2007

erros e enganos

Briguei com a Cidade. Daquela forma em que me ocorre um soh sentido, uma soh direcao: fugir. Catei os meus ultimos trocados e peguei uma dessas maquinas que nos jogam em outro paihs em questao de horas.

Entao, a cidade se chamava outra. Era quente e se falava Espanhol. Madrid, eu nao te amo nao. Demorou muito tempo para descobrir, umas 24 horas, penso. Da distancia entre chegar com a minha ‘backpack’ e desembarcar num hostel num quarto com quatro pessoas falando – que lingua se fala mesmo na Belgica? – e ir a praca tomar cerveja e esquecer de tudo que deixei pra tras.

E o tempo passou, os bares foram se colorindo de luzes, musica, pessoas. O sol se pos. Eu jah tava tao baqueado, os olhos com aquela mistura de tristeza e encantamento Blue. Quando eu o vi, um rapaz frances que nao falava ingles, espanhol ou portugues.

E foi assim, engracado, ele visivelmente me cantando. Em frances, imagina soh. E eu, arrogante, falando ingles com ele, espanhol. Entendo tudo o que ele dizia, e ele sorria e me dava beijinhos de leve no rosto, e eu o empurrava de leve tambem. Ate que pensei que eu nao queria nada disso nao.

Que razao havia para se apaixonar por um rapaz, um rapaz, um rapaz que nao fala as linguas que voce fala, que nao mora onde voce mora, que soh quer te levar para baixo dos lencois, para cima dos lencois, para o chuveiro? Ateh a minha mente aberta se fechou e jogou a chave para longe.

Nao ha razao nenhuma. Soh que o rapaz frances era o homem mais bonito que ja vi na vida! Os olhos verdes, e um sorriso ‘childish’, como gosto. Bebi tanto, fui dancar num bar e as Espanholas e os Espanhois queriam ‘hablar conmigo’. Mas eu nao queria nao. Eu nao queria nada disso.

Fui para o hostel chorando, perdido na Cidade que guarda a bela Guernica, carregando um desespero, uma saudade e uma raiva de nunca ter entendido que aquele balancar de ombros quando Stella foi embora, era a razao de todo o meu sofrer. Eu nunca mais me permiti ter alguem, porque Stella era a minha cena de cinema, a musica que nunca compus, o poema que nunca escreverei.

E ja no primeiro dia, Madrid tinha chegado ao fim. Fui para Barcelona e a cidade era alegre, colorida, possivel. E como se Deus estivesse brincando comigo, ou isso que a gente chama de Deus, eu caih doente. Passei dois dias suando, com febre, sem poder tomar um cafe nas Ramblas, sentar para ler na Plaza de Catalunya, fumar um no Parque construido por Gaudi, mergulhar no mar.

De repente, era tempo de voltar. E Londres era cinza, barulhenta, suja outra vez. Fiquei deprimido, quis voltar ao Brasil, ligar para Ana, tomar venenos, me trancar. Mas a Cidade foi se mostrando e os dias se sucedendo e aos poucos compreendi que preciso ir a Holanda, urgentemente. Antes que a neve caia, e os coracoes congelem longe de ti.